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Exposição “6.380 km – de La Habana a Campinas – entre fotografias e cerâmicas”

Regina Rocha Pitta – de 9 a 28 de junho de 2018

 

Regina Rocha Pitta nasceu no Rio de Janeiro e vive em Campinas há 40 anos. Formada em Jornalismo, seu interesse em aprender fotografia despertou ainda na faculdade.  Frequentou ateliês e vários cursos relacionados à fotografia; participou da 1ª Semana de Fotografia de Campinas realizada pelo Núcleo de Fotografia de Campinas, em 1996, no Centro de Convivência Cultural, e de exposições coletivas e individuais. Tem paixão por fotografia preto e branco desde o início de sua trajetória na área.  Em 1998, expôs junto com o especialista em fotografia preto e branco Sebastião Salgado na mostra “Terra” e, em 2002, no Sesc , novamente ao seu  lado na exposição “Exôdos”.

Essa exposição “6.380 km – de La Habana a Campinas”, em 2018, traz de um lado fotografias de Cuba em 1999, em preto e branco, “closes” de pessoas, expressões, olhares, cenas do cotidiano. Contrastes, formas de superação das pessoas mediante a catástrofe -um furacão que tinha arrasado muitas partes da ilha alguns dias antes. Por meio da fotografia a artista captou alguns olhares que parecem ser de esperança. Rocha Pitta diz que gosta da “troca de olhar” com as pessoas, que também lhe passa a história do lugar.

As outras imagens são em Campinas, de 2013 a 2017, fotos também em preto e branco, de cerimônias de religiões de matrizes africanas que mostram rostos e detalhes. A artista estabelece uma conexão entre as fotos de Cuba e essas no Brasil; essas fotos podem ser de um país ou do outro, para o espectador que não souber o contexto, podem ser misturadas. Aparentemente, quanto às pessoas e os rituais religiosos existem semelhanças nos dois países. Em sua obra fica clara a essência da preocupação com o outro, reflexão sobre a cultura popular, o deslocamento de olhar de um país ao outro, atravessa as barreiras sociais.

No espaço expositivo de Rocha Pitta, existe uma janela entre duas paredes, uma branca e a outra cinza, onde entra a claridade do sol durante a manhã, nesta época do outono. As fotos de Cuba estão na parede branca, refletindo a luminosidade, que dá vida às pessoas fotografadas. Colocadas de forma linear e simétricas, fixadas com elementos de metal rígidos, são um arquivo do passado, hoje o país está em um momento político e social diferente.

As fotos em Campinas estão na parede cinza, cor mais fria, são fotos de detalhes, distribuídas de forma não linear, aparentemente formando alguns grupos.  Não remetem ao primeiro olhar do espectador calor humano como as de Cuba; estão colocadas com presilhas de metal, sugere mobilidade. Obscuridade da parede cinza, sombra, sugere um afastamento, chama a um momento de reflexão.

Os olhos ligam as superfícies paralelas, as duas paredes, redes de relações criam ordem e unidade espacial.

Entre as duas paredes preenchidas com fotos tem a exposição de quatro cerâmicas, também criadas pela artista,  apoiadas em três dormentes no chão. Estão na sombra, aqui não existe luminosidade nenhuma.  Os dormentes simbolizando a ligação de um ponto ao outro, de “Cuba” a “Campinas”, a “terra”, base das religiões, “pessoas escravizadas”, em cada local de uma forma diferente, segundo o seu contexto social e político. As cerâmicas, com aparência de fragilidade, como as pessoas, fortes internamente, mas ainda com um sorriso no rosto, apesar das dificuldades. No chão, qual o simbolismo, o modo como a ideia  é representada pela artista e a leitura de cada um depende das convenções.

Mistura de fragmentos diferentes, colocados lado a lado, formando um jogo de quebra cabeças que se misturam. Harmonia no conjunto, tensão dinâmica através dos dormentes, definindo forças que criam movimento entre as obras, tensões são expressas mediante interação da simbologia, dos rostos, dos detalhes. E ao mesmo tempo mostra como as várias partes de um objeto complexo se relacionam entre si.

 

Marisa Carvalho

Artista visual

Campinas, Outono, 2018

REGINA ROCHA PITTA

Artista Visual

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